Confesso que não foi fácil para mim abordar os temas estudados nesta UC. Estou no ensino desde 78, onde estas e outras temáticas ainda não eram estudadas na formação inicial dos Professores. Portanto foi para mim interessante poder finalmente abordar um pouco mais profundamente os caminhos duma investigação e suas características. Não foi no entanto nada fácil: por vezes ficaram muitas dúvidas e apreensões e noutras a sensação dum trabalho bem feito. Esta reflexão reflecte também um pouco o meu estado de espírito aquando da elaboração das várias etapas deste Blog.
- Fiquei a saber que o Investigador deve-se questionar sistematicamente, deve ser organizado, e critico e estar preparado para todo o género de apreciações e críticas; aprendi também que a Investigação percorre um longo caminho desde a segunda metade do século XIX, onde as ciências naturais começam por influenciar a psicologia e a educação e onde surgem então diversos testes para medir aptidões, capacidades, conhecimentos, começando a ser utilizada a estatística. Entre 1900 e 1930 passou-se pelo desenvolvimento da investigação quantitativa, com a teoria estatística, a testagem e a avaliação, surveys administrativos e normativos e finalmente o desenvolvimento curricular e avaliação; nas décadas de 40 e 50 o grande campo de interesse eram os estudos sociológicos, principalmente nos Estados Unidos; as décadas de 60 e 70 foram marcadas pelo financiamento para investigações e o desenvolvimento curricular, nomeadamente nas áreas das ciências e da matemática, enquanto na Inglaterra e na União Soviética foram visíveis investimentos na educação, traduzindo-se no aumento do número de investigadores e descrédito na educação tradicional. Abriu-se então caminho ao Professor Investigador com a avaliação sumativa e formativa, análise da interacção professor-aluno, investigação da eficácia do professor, educação de adultos e desenvolvimento de novos currículos.
- Seguidamente apercebi-me que os projectos de investigação obedecem a uma determinada estrutura onde o investigador materializa a sua área de interesse, formulando uma questão que possa ser estudada e analisada, sempre derivada do que se pretende estudar. Na operacionalização do projecto de investigação existem a observação e análise dos dados os quais depois de interpretados geram as conclusões. Com base nestas será possível ao investigador uma generalização.
- Explorei de seguida a temática da entrevista, onde através de questões podemos recolher informações e obter o conhecimento das percepções, projectos, opiniões, e actos duma outra pessoa. As entrevistas podem ter características básicas diferentes: aquelas que são desenvolvidas entre duas ou um grupo de pessoas; as que incidem sobre um tema ou um amplo espectro de temas; e finalmente consoante o grau de directividade das questões: estruturada, semi-estruturada e não estruturada.
- Passei depois ao estudo do questionário que me pareceu um instrumento muito útil quando se pretende recolher informação sobre um determinado tema. Para que tal aconteça é necessário verificar se as questões são adequadas e os dados permitem responder à pergunta de partida. Depois da elaboração duma lista com as vantagens e desvantagens do questionário, e quais as etapas de construção do mesmo, estudei as características da investigação qualitativa.
- Apreciei muito fazê-lo pois provavelmente será este tipo de investigação que irei usar na minha futura dissertação: na investigação qualitativa os investigadores interessam-se mais pelo processo de investigação do que pelos resultados obtidos, o plano de investigação delineado é flexível, e é utilizada a descrição que deve ser rigorosa: os dados recolhidos advêm de transcrição de entrevistas, registos de observações, vídeos, fotografias, etc. Outra questão interessante foi saber que o próprio investigador é instrumento de recolha de dados, pois dependerá da sua sensibilidade e experiência, a fiabilidade e validade da recolha dos dados.
- De seguida aprendi o significado da observação-acção, como uma investigação que tem como objectivo através dum método científico resolver questões de carácter prático, ou seja não havendo previamente soluções baseadas na teoria para um determinado problema, recorre-se aquela investigação.
- A análise de dados foi a temática seguinte e onde percebi que num processo de investigação, esta etapa é muito importante pois está directamente relacionada com outras etapas anteriores como os objectivos da investigação, as hipóteses, a amostra e os dados recolhidos. Na análise quantitativa o investigador procura e organiza os materiais de recolha dos dados para que aumente a sua compreensão acerca dos mesmos e os possa apresentar a outros. Existem então uma serie de procedimentos que devem ser feitos como: a organização dos dados, a sua divisão em unidades manipuláveis, síntese, procura de padrões e descoberta dos aspectos importantes. A análise qualitativa, por seu lado reveste-se de características completamente diferentes: pode, por exemplo, ser do tipo paramétrico ou não paramétrico; quando se referem a medidas que descrevem a distribuição da população como a média ou variância –tipo paramétrico; quando não dependem de formas precisas de distribuição da população da amostra – tipo não paramétrico. Também o tipo de dados pode ser diferenciado: dados de natureza qualitativa (atributos ou categorias que descrevem sujeitos e situações; podem ser de natureza dicotómica ou politómica) ou dados de natureza quantitativa (características mensuráveis e que se podem exprimir por em valores numéricos reportados a uma unidade de medida ou a uma relação de ordem). Também a análise quantitativa das informações obtidas depende da natureza dos dados colectados e faz-se com base numa escala de medida, que poderá ser nominal, ordinal, intervalar ou de razão/proporcional. Na análise quantitativa de dados, o tipo de dados condiciona os testes estatísticos a adoptar e as amostras muito reduzidas tornam alguns testes inadequados ou impossíveis de aplicar.
- Foi ao analisar as características da investigação qualitativa que me apercebi que a preocupação do investigador naquele tipo de investigação é o contexto: é a partir dele que faz as suas descrições através de palavras ou imagens e não através de números como na investigação quantitativa. Os investigadores analisam os dados de forma essencialmente indutiva de forma a haver uma dinâmica interna entre investigador e os respectivos sujeitos.
- Depois de ter descoberto algumas diferenças entre o método quantitativo e qualitativo, passei então à fase final desta UC: as questões éticas em investigação: um investigador deve ter sempre presente as questões éticas quando planifica a sua investigação, quer na fase de recolha de dados, quer no final quando publica o resultado do que investigou. A ética liga-se à ciência quando o investigador se questiona sobre o sentido da sua investigação; quando se questiona sobre se as suas atitudes foram sendo correctas relativamente à apresentação dos resultados e suas consequências, sobre se ampliou a sua qualidade de conhecimentos e a dos outros envolvidos, no decorrer da investigação.
Chegada ao final, para mim é notório que esta UC deveria ter sido anual e não semestral, pois sinto que adquiri alguns novos conhecimentos mas de forma um pouco superficial pois muitas leituras ficaram por fazer, assim como muitas discussões por acontecer. Deixo o meu apreço pelo trabalho colaborativo existente entre todos os colegas, quando se formaram os pequenos grupos, e também pelo empenho demonstrado pelas Professoras que por mais do que uma vez tiveram que me ajudar nestes caminhos novos! Espero demonstrar na minha apresentação doBlog, que de alguma forma tirei partido dessa ajuda, reflectindo com qualidade sobre o trabalho já realizado. A todos, Colegas e Professores, muito obrigada!