segunda-feira, 26 de maio de 2008

Análise quantitativa-algumas considerações

Quando no decorrer duma investigação analisamos os dados podemos fazê-lo com vista à obtenção de resultados que possam ajudar para os objectivos da mesma. Consoante o tipo de abordagem podemos utilizar a análise quantitativa, qualitativa ou as duas como no caso de uma metodologia mista.
A análise quantitativa dos dados tem algumas características:
-obedece a um plano pré-estabelecido, com o intuito de enumerar ou medir eventos;
-utiliza a teoria para desenvolver as hipóteses e as variáveis da pesquisa;
-examina as relações entre as variáveis por métodos experimentais ou semi-experimentais,
controlados com rigor;
-emprega, geralmente, para a análise dos dados, instrumental estatístico;
-confirma as hipóteses da pesquisa ou descobertas por dedução, ou seja, realiza predições
específicas de princípios, observações ou experiências;
-utiliza dados que representam uma população específica (amostra), a partir dos quais os
resultados são generalizados, e
-usa, como instrumento para recolha de dados, questionários estruturados, elaborados com
questões fechadas, testes e checklists, aplicados a partir de entrevistas individuais, apoiadas
por um questionário convencional (impresso) ou electrónico.
Os dados:
Os dados são codificados sob a forma numérica e referentes a uma amostra concreta. O tipo de dados condiciona os testes estatísticos a adoptar: amostras muito reduzidas tornam alguns testes inadequados ou impossíveis de aplicar. Os dados podem ser:
-dados brutos-dados originais na forma com que foram colhidos (não foram numericamente organizados ou ordenados).
-dados elaborados (ROL)- dados numéricos arranjados em ordem crescente ou decrescente. A forma de representar os dados depende da sua natureza, e podem ser:
-qualitativos - atributos ou categorias que descrevem sujeitos e situações, e de natureza dicotómica ou politómica.
-quantitativos com características mensuráveis e que se podem exprimir por em valores numéricos reportados a uma unidade de medida ou a uma relação de ordem.
Os dados qualitativos podem-se representar de várias maneiras:
Matriz, Tabela ou Caixa- Construída com informações descritivas relevantes. Permite demonstrar relações entre categorias e resultados, além de descrever a classificação das informações recolhidas.
Diagrama -Demonstra relações entre uma determinada característica e os factores que a influenciam.
Fluxograma -Pode representar visualmente um processo através de figuras e símbolos previamente definidos.
Narrativa (Temática e/ou Cronológica) -Organização do texto extraído do discurso (principalmente entrevistas e documentos analisados), tendo como base dois eixos: o tema ou conceito do que se quer revelar do discurso analisado e a temporalidade dos fatos e fenómenos narrados.
Mapa e Transect (Mapa geográfico transversal de uma área específica) – Construídos, actualizados ou complementados a partir da observação realizada e das informações obtidas com informantes-chave. Muito úteis na demonstração de informações quanto aos aspectos físicos e ambientais da área de interesse. Comparam as características principais e a utilização de recursos numa área (Chambers 1981).
Perfil Histórico e Cronológico – É o ordenamento de informações numa ordem histórica e cronológica de um lugar, pessoa, situação, utilizando-se uma árvore com datas e resumo da situação destacada (Chambers 1981).

sábado, 17 de maio de 2008

A Investigação Acção


A investigação-acção consiste na recolha de informações sistemáticas com o objectivo de promover mudanças sociais. Tanto os métodos qualitativos como os quantitativos podem ser utilizados na investigação acção. Neste tipo de investigação, o investigador envolve-se activamente na causa da investigação, e o objectivo primordial é provocar a mudança, assumindo o investigador o papel de activista. Essa mudança ao nível duma causa social, pode passar por:
-a recolha sistemática de informação pode auxiliar na identificação de pessoas e instituições que contribuem para tornar intolerável a vida de grupos particulares de pessoas
-pode facultar a informação, compreensão e factos, com o objectivo de tornar a posição e planos do investigador mais credíveis
-pode auxiliar na identificação de aspectos do sistema que podem ser desafiados tanto legalmente como através de acções comunitárias
-permite que as pessoas aumentem a consciência que têm dos problemas, bem como o empenho na sua resolução
-pode servir como estratégia organizativa para agregar as pessoas activamente face a questões particulares
-ajuda a ganhar auto-confiança, pois fortalece o empenhamento e encoraja a prossecução de objectivos sociais particulares.

sábado, 3 de maio de 2008

Preparação da entrevista


Na preparação da entrevista devemos:
-criar uma ordem nos tópicos principais para que as questões fluam normalmente, mas estar preparado para alterar a ordem das questões durante a entrevista se fôr necessário
-formular questões ou tópicos na entrevista que contribuam para dar resposta às questões investigativas
-utilizar um linguagem fácil e relevante para com os entrevistados
-recolher dados que possam caracterizar os entrevistados de forma a ajudar a contextualização das suas respostas
-não colocar questões quer possam influenciar a resposta.

quinta-feira, 1 de maio de 2008

As Vantagens e Desvantagens da Entrevista


Vantagens:
-o grau de profundidade dos elementos de análise recolhidos
-a flexibilidade e a fraca directividade do dispositivo que permite recolher os testemunhos e as interpretações dos interlocutores, respeitando os próprios quadros de referência:a sua linguagem e as suas características
Desvantagens:
-a própria flexibilidade do método pode intimidar, ou inversamente pode autorizar os entrevistadores a conversarem de qualquer maneira com os interlocutores.
-os métodos de recolha e análise das informações devem ser escolhidos e concebidos conjuntamente
-a flexibilização do método pode levar a acreditar numa completa espontaneidade do entrevistado e numa total neutralidade do investigador.

segunda-feira, 28 de abril de 2008



A Entrevista

Os métodos de entrevista caracterizam-se por um contacto directo entre o investigador e os seus interlocutores e por uma fraca directividade por parte daquele. Instaura-se, uma verdadeira troca, durante a qual, o interlocutor do investigador exprime as suas percepções de um acontecimento ou de uma situação, as suas interpretações ou as suas experiências, ao passo que, através das suas perguntas abertas e das suas reacções, o investigador facilita essa expressão, evita que ela se afaste dos objectivos da investigação e permite que o interlocutor aceda a um grau máximo de autenticidade e de profundidade.

sexta-feira, 25 de abril de 2008

Teoria Fundamentada - Grounded theory

Os investigadores qualitativos que entendem o seu trabalho como uma tentativa para desenvolver "teorias fundamentadas", não recolhem dados ou provas com o objectivo de confirmar ou infirmar hipóteses construidas previamente:as abstracções são construídas à medida que os dados particulares que foram recolhidos se vão agrupando. Esta teoria procede de "baixo para cima" com base em peças individuais de informação recolhida que são inter-relacionadas.O investigador planeia utilizar parte do estudo para perceber quais as questões mais importantes.Não presume que se sabe o suficiente para reconhecer as questões importantes antes de efectuar a investigação.

quarta-feira, 23 de abril de 2008

As Hipóteses


Uma hipótese é uma preposição que prevê uma relação entre dois termos, que, segundo os casos, podem ser conceitos ou fenómenos.Uma hipótese é uma proposição provisória, uma pressuposição que deve ser verficada. Construir uma hipótese não consiste simplesmente em imaginar uma relação entre duas variáveis. Essa operação deve inscrever-se na lógica teórica da problemática. Problemática, modelo, conceitos e hipóteses são indissociáveis: o modelo é um sistema de hipóteses articuladas logicamente entre si. Uma hipótese pode ser testada quando existe uma possibilidade de decidir, a partir da análise dos dados, em que medida é verdadeira ou falsa. Porém, ainda que o investigador conclua pela confirmação da sua hipótese ao cabo dum trabalho empírico conduzido com cuidado, precaução e boa fé, a sua hipótese não pode, ainda assim, ser considerada absoluta e definitivamente verdadeira, pois a complexidade e a mutabilidade do real fazem com que o progresso do conhecimento seja uma vitória parcial.Portanto o verdadeiro investigador nunca se esforçará por provar a todo o custo o valor de objectividade das suas hipóteses, ele procurará delimitar os seus contornos, não para as estabelecer mas para as aperfeiçoar, o que implica, de facto, que as ponha de novo em questão.