domingo, 29 de junho de 2008

Reflexão Final...Auto-avaliação

Confesso que não foi fácil para mim abordar os temas estudados nesta UC. Estou no ensino desde 78, onde estas e outras temáticas ainda não eram estudadas na formação inicial dos Professores. Portanto foi para mim interessante poder finalmente abordar um pouco mais profundamente os caminhos duma investigação e suas características. Não foi no entanto nada fácil: por vezes ficaram muitas dúvidas e apreensões e noutras a sensação dum trabalho bem feito. Esta reflexão reflecte também um pouco o meu estado de espírito aquando da elaboração das várias etapas deste Blog.

  • Fiquei a saber que o Investigador deve-se questionar sistematicamente, deve ser organizado, e critico e estar preparado para todo o género de apreciações e críticas; aprendi também que a Investigação percorre um longo caminho desde a segunda metade do século XIX, onde as ciências naturais começam por influenciar a psicologia e a educação e onde surgem então diversos testes para medir aptidões, capacidades, conhecimentos, começando a ser utilizada a estatística. Entre 1900 e 1930 passou-se pelo desenvolvimento da investigação quantitativa, com a teoria estatística, a testagem e a avaliação, surveys administrativos e normativos e finalmente o desenvolvimento curricular e avaliação; nas décadas de 40 e 50 o grande campo de interesse eram os estudos sociológicos, principalmente nos Estados Unidos; as décadas de 60 e 70 foram marcadas pelo financiamento para investigações e o desenvolvimento curricular, nomeadamente nas áreas das ciências e da matemática, enquanto na Inglaterra e na União Soviética foram visíveis investimentos na educação, traduzindo-se no aumento do número de investigadores e descrédito na educação tradicional. Abriu-se então caminho ao Professor Investigador com a avaliação sumativa e formativa, análise da interacção professor-aluno, investigação da eficácia do professor, educação de adultos e desenvolvimento de novos currículos.
  • Seguidamente apercebi-me que os projectos de investigação obedecem a uma determinada estrutura onde o investigador materializa a sua área de interesse, formulando uma questão que possa ser estudada e analisada, sempre derivada do que se pretende estudar. Na operacionalização do projecto de investigação existem a observação e análise dos dados os quais depois de interpretados geram as conclusões. Com base nestas será possível ao investigador uma generalização.
  • Explorei de seguida a temática da entrevista, onde através de questões podemos recolher informações e obter o conhecimento das percepções, projectos, opiniões, e actos duma outra pessoa. As entrevistas podem ter características básicas diferentes: aquelas que são desenvolvidas entre duas ou um grupo de pessoas; as que incidem sobre um tema ou um amplo espectro de temas; e finalmente consoante o grau de directividade das questões: estruturada, semi-estruturada e não estruturada.
  • Passei depois ao estudo do questionário que me pareceu um instrumento muito útil quando se pretende recolher informação sobre um determinado tema. Para que tal aconteça é necessário verificar se as questões são adequadas e os dados permitem responder à pergunta de partida. Depois da elaboração duma lista com as vantagens e desvantagens do questionário, e quais as etapas de construção do mesmo, estudei as características da investigação qualitativa.
  • Apreciei muito fazê-lo pois provavelmente será este tipo de investigação que irei usar na minha futura dissertação: na investigação qualitativa os investigadores interessam-se mais pelo processo de investigação do que pelos resultados obtidos, o plano de investigação delineado é flexível, e é utilizada a descrição que deve ser rigorosa: os dados recolhidos advêm de transcrição de entrevistas, registos de observações, vídeos, fotografias, etc. Outra questão interessante foi saber que o próprio investigador é instrumento de recolha de dados, pois dependerá da sua sensibilidade e experiência, a fiabilidade e validade da recolha dos dados.
  • De seguida aprendi o significado da observação-acção, como uma investigação que tem como objectivo através dum método científico resolver questões de carácter prático, ou seja não havendo previamente soluções baseadas na teoria para um determinado problema, recorre-se aquela investigação.
  • A análise de dados foi a temática seguinte e onde percebi que num processo de investigação, esta etapa é muito importante pois está directamente relacionada com outras etapas anteriores como os objectivos da investigação, as hipóteses, a amostra e os dados recolhidos. Na análise quantitativa o investigador procura e organiza os materiais de recolha dos dados para que aumente a sua compreensão acerca dos mesmos e os possa apresentar a outros. Existem então uma serie de procedimentos que devem ser feitos como: a organização dos dados, a sua divisão em unidades manipuláveis, síntese, procura de padrões e descoberta dos aspectos importantes. A análise qualitativa, por seu lado reveste-se de características completamente diferentes: pode, por exemplo, ser do tipo paramétrico ou não paramétrico; quando se referem a medidas que descrevem a distribuição da população como a média ou variância –tipo paramétrico; quando não dependem de formas precisas de distribuição da população da amostra – tipo não paramétrico. Também o tipo de dados pode ser diferenciado: dados de natureza qualitativa (atributos ou categorias que descrevem sujeitos e situações; podem ser de natureza dicotómica ou politómica) ou dados de natureza quantitativa (características mensuráveis e que se podem exprimir por em valores numéricos reportados a uma unidade de medida ou a uma relação de ordem). Também a análise quantitativa das informações obtidas depende da natureza dos dados colectados e faz-se com base numa escala de medida, que poderá ser nominal, ordinal, intervalar ou de razão/proporcional. Na análise quantitativa de dados, o tipo de dados condiciona os testes estatísticos a adoptar e as amostras muito reduzidas tornam alguns testes inadequados ou impossíveis de aplicar.
  • Foi ao analisar as características da investigação qualitativa que me apercebi que a preocupação do investigador naquele tipo de investigação é o contexto: é a partir dele que faz as suas descrições através de palavras ou imagens e não através de números como na investigação quantitativa. Os investigadores analisam os dados de forma essencialmente indutiva de forma a haver uma dinâmica interna entre investigador e os respectivos sujeitos.
  • Depois de ter descoberto algumas diferenças entre o método quantitativo e qualitativo, passei então à fase final desta UC: as questões éticas em investigação: um investigador deve ter sempre presente as questões éticas quando planifica a sua investigação, quer na fase de recolha de dados, quer no final quando publica o resultado do que investigou. A ética liga-se à ciência quando o investigador se questiona sobre o sentido da sua investigação; quando se questiona sobre se as suas atitudes foram sendo correctas relativamente à apresentação dos resultados e suas consequências, sobre se ampliou a sua qualidade de conhecimentos e a dos outros envolvidos, no decorrer da investigação.

Chegada ao final, para mim é notório que esta UC deveria ter sido anual e não semestral, pois sinto que adquiri alguns novos conhecimentos mas de forma um pouco superficial pois muitas leituras ficaram por fazer, assim como muitas discussões por acontecer. Deixo o meu apreço pelo trabalho colaborativo existente entre todos os colegas, quando se formaram os pequenos grupos, e também pelo empenho demonstrado pelas Professoras que por mais do que uma vez tiveram que me ajudar nestes caminhos novos! Espero demonstrar na minha apresentação doBlog, que de alguma forma tirei partido dessa ajuda, reflectindo com qualidade sobre o trabalho já realizado. A todos, Colegas e Professores, muito obrigada!

sábado, 28 de junho de 2008

As questões éticas na Investigação

O comportamento ético não tem regras fixas e universais; o investigador deve perguntar-se continuamente se o seu trabalho é feito em prol deste organismo planetário, que é a humanidade, com a consciência de que o organismo tem os seus meios próprios de aceitação e rejeição. Os códigos de ética existentes em vários sectores de actividade são auxiliares para a decisão individual, mas não são estes códigos que, de facto, estabelecem as regras da ética. (O cérebro do Planeta)
Na fase da recolha de dados o investigador deve ter presente alguns princípios éticos:
-Respeitar e garantir os direitos daqueles que participam voluntariamente no trabalho de investigação;
-Informar os participantes sobre todos os aspectos da investigação: direito de conhecimento pleno, ou de informação completa sobre o estudo, sobre a natureza, o fim e a duração da investigação para a qual é solicitado a participação da pessoa, assim como os métodos utilizados no estudo;
-Manter total honestidade nas relações estabelecidas com os participantes, aceitando a decisão dos indivíduos de não colaborarem ou desistirem: direito de autodeterminação, baseia-se no princípio ético do respeito pelas pessoas, segundo o qual qualquer pessoa é capaz de decidir por ela própria e tomar conta do seu próprio destino. Decorre deste princípio que o potencial sujeito tem o direito de decidir livremente sobre a sua participação ou não na investigação; aliás, tem o direito de decidir por si mesmo se participa ou não, sem coacção, e deve ser assegurado o direito a negar-se livremente.
-Estabelecer um acordo com o participante para que fiquem explicitas conjuntamente as responsabilidades do investigador e do participante: direito à intimidade – inclui poder negar-se a responder a algumas questões, a saber protegida a identidade do sujeito e à confidencialidade da informação que partilharam. Qualquer investigação junto de seres humanos constitui uma forma de intrusão na vida pessoal dos sujeitos – e a pessoa é livre de decidir sobre a extensão da informação a dar ao participar numa investigação e a determinar em que medida aceita partilhar informações íntimas e privadas.
-Proteger os participantes de quaisquer danos ou prejuízos que possam decorrer do resultado dos dados.
-Informar os participantes dos resultados da investigação.
-Garantir a confidencialidade da informação obtida, salvo os que não se opuserem: direito ao anonimato e à confidencialidade – isto é, os dados pessoais não podem ser divulgados ou partilhados sem autorização expressa do sujeito e a identidade do sujeito não pode ser associada ás respostas individuais. Os resultados devem ser apresentados de forma que nenhum dos participantes no estudo possa ser reconhecido.
-Solicitar autorização das instituições a que pertencem os participantes para que estes possam colaborar no estudo.
Já na fase final, quando apresenta publicamente o relatório da sua investigação, o investigador deve ter presente os seguintes princípios que o obrigam a:
-Fazer uma rigorosa explicitação das fontes utilizadas;
-Ser autentico na redacção do relatório, no que respeita aos resultados que apresenta e às conclusões a que chega;
-Fidelidade em relação aos dados recolhidos e aos resultados a que chega;
-Não enviesamento das conclusões.

sábado, 14 de junho de 2008

Diferenças entre o método de análise quantitativo e qualitativo

Quais são as diferenças fundamentais entre os métodos de análise quantitativa e qualitativa de dados ?
O método de análise quantitativa:
-obedece a um plano pré-estabelecido, com o intuito de enumerar ou medir eventos;
- examina as relações entre as variáveis por métodos experimentais ou semi-experimentais,controlados com rigor;
- emprega, geralmente, para a análise dos dados, instrumentos estatísticos;
- confirma as hipóteses da pesquisa ou descobertas por dedução, ou seja, realiza , observações ou experiências;
- utiliza dados que representam uma população específica (amostra), a partir da qual os resultados são generalizados, e
- usa, como instrumento para recolha de dados, questionários estruturados, elaborados com questões, testes e checklists, aplicados a partir de entrevistas individuais, apoiadas por um questionário convencional (impresso) ou electrónico.
(NEVES,1996)
O método de análise qualitativa:
- apresentação da descrição e análise dos dados em uma síntese narrativa;
- busca de significados em contextos social e culturalmente específicos, porém com a possibilidade de generalização teórica;
- ambiente natural como fonte de recolha de dados e investigador como instrumento principal desta actividade;
- tendencia a ser descritiva;
- maior interesse pelo processo do que pelos resultados ou produtos;
- recolha de dados por meio de entrevista, observação, investigação participativa, entre outros;
- procura da compreensão dos fenómenos, pelo investigador, a partir da perspectiva dos participantes, e, finalmente,
- utilização do enfoque indutivo na análise dos dados, ou seja, realização de generalizações de observações limitadas e específicas pelo pesquisador.
BODGAN; BIKLEN, (1982)

sexta-feira, 13 de junho de 2008

Características da Investigação Qualitativa I

Sugestões para uma investigação qualitativa:
• iniciar a parte empírica com (algumas) questões concretas na ideia
• se as questões estão ainda nebulosas, procurar clarificá-las à medida que o trabalho decorre
• formular muitas questões tende a gerar dispersão e dificuldades de aprofundamento
• em geral é mais produtivo elaborar um esquema conceptual depois de formular questões do estudo (mesmo que numa versão inicial)
• avaliar a possibilidade de investigar as questões formuladas no tempo útil disponível e com a abordagem que foi definida
• manter as questões do estudo presentes e procurar reformulá-las e aperfeiçoá-las durante a recolha de dados
• começar intuitivamente; centrar no núcleo das questões e partir daí para a definição do âmbito e limites do estudo
• definir a unidade de análise tão cedo quanto possível
• os dados não são recolhidos; são construídos em co-autoria pelo investigador e pelos participantes
• lembrar que nunca há tempo suficiente para nenhum estudo

terça-feira, 10 de junho de 2008

Análise qualitativa-algumas considerações


Elementos Caracterizadores da análise qualitativa:
-a análise qualitativa não parte de unidades fixas pré-determinadas.
-o tratamento de dados tem procedimentos próprios.
Regista-se a interdependência entre dados empíricos e processos intelectuais de teorização
Etapas da análise qualitativa
a)determinação das Unidades de Análise
b)categorização / Codificação
c)formulação de Hipóteses / Problemas
d)leitura Interpretativa dos Resultados
O que é a análise?Características:
• envolve a definição de categorias conceptuais, tipologias, que interpretam os dados para o leitor
• as categorias são conceitos indicados pelos dados — não são os dados propriamente ditos
• as propriedades descrevem uma categoria
• hipóteses, laços, ligações entre categorias e propriedades

domingo, 8 de junho de 2008

Análise quantitativa-algumas considerações-II

Continuando...
Variáveis- as variáveis podem ser qualitativas ou quantitativas. As variáveis qualitativas são aquelas para as quais uma medição numérica não é possível; As variáveis qualitativas podem ser ordinais ou nominais. As variáveis quantitativas dividem-se em discretas e contínuas. As discretas são definidas em um conjunto enumerável, sendo próprias de dados de contagem. As contínuas por sua vez, podem assumir qualquer valor real entre dois extremos (processo de medição).
Estatística: é a disciplina cujo objectivo fundamental é a recolha, a compilação, a análise e a interpretação de dados. Estatística é a ciência que se ocupa da obtenção de informações (...) com a finalidade de através de resultados probabilísticos adequados, inferir de uma amostra para a população(...), e eventualmente mesmo prever a evolução futura de um fenómeno. Por outras palavras, é um instrumento de leitura de informação, e da sua transformação em Conhecimento. (Pestana, D. E Velosa, S.F., 2003, Introdução à Probabilidade e à Estatística, Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian).
Estatística é a ciência de juntar, organizar, apresentar, analisar e interpretar dados numéricos ou não (informações) com o objectivo de tomar melhores decisões.
Utilidade da estatística: permite descrever e compreender relações entre variáveis de forma imediata: a informação é apresentada de modo a possibilitar uma rápida interpretação e identificação das relações mais importantes. Permite a tomada de melhores e mais rápidas decisões: é possível controlar mais informações num espaço de tempo mais curto. Facilita a tomada de decisões: o conhecimento de situações passadas e presentes, acompanhadas por uma previsão fundamentada da evolução futura, são as bases para as tomadas de decisões.
Fases do método de análise estatística
(i) Estabelecimento do objectivo da análise a efectuar e definição da
população correspondente.
(ii) Concepção de um procedimento adequado para a selecção de uma
ou mais amostras.
(iii) Recolha de dados.
(v) Estabelecimento de inferências acerca da população (com base na
informação amostral).
(iv) Análise dos dados
O principal objectivo da análise estatística consiste em determinar que generalizações sobre a população podem fazer-se a partir da amostra que da mesma foi recolhida. A designação de “amostra” é tomada correntemente num sentido mais amplo como sinónimo de dados ou observações enquanto a “população” é a totalidade; ou seja, o conjunto de todas as possíveis observações feitas em condições semelhantes
A evolução da estatística: Egito antigo, Babilônia, Roma: obter informações precisas para impostos e convocação militar. Na Inglaterra, 1086: Domesday Book. No Século XVII: Pascal, Bernoulli, estudos sobre probabilidade.No ano 1790, EUA: primeiro censo moderno.
n Século XIX: 1853, primeiro congresso internacional de Estatística; Regressão; 1890 - primeiro censo no Brasil. No Século XX: Karl Pearson (desvio padrão, teste do qui-quadrado, análise de componentes principais); Ronald Fisher (Análise de Variância), testes de hipóteses, axiomas de probabilidade, testes não paramétricos, uso da informática.


domingo, 1 de junho de 2008

Análise quantitativa-algumas considerações-I

Continuemos com algumas definições importantes para uma análise estatística:
Parâmetros – dados que mediante cálculos adequados de estatística inferencial são passíveis de serem generalizados à população da qual se extraiu a amostra; resumem as características da população e assumem valores numéricos fixos (constantes); ex: média da população (µ), variância populacional ( σ2), desvio-padrão populacional (σ)
Escala de medida é um conjunto organizado de regras para atribuir valores a uma variável ou característica. O tipo de escalas pode ser:
Nominal: relativas a variáveis que pressupõem atributos que só podem ser expressos em termos qualitativos: escalas para definir sexo, profissão, estado civil, classe sócio económica, partido político de preferência, orientação no tempo (passado, presente e futuro). É um tipo de medida num nível mais baixo ou primitivo das possibilidades, quando números ou outros símbolos são usados para classificar um objecto, pessoas ou características de ambos ou identificar os grupos a que vários objectos pertencem.
Ordinal: Construídas com base em atributos ou propriedades de natureza qualitativa, atributos esses que permitem estabelecer uma gradação de intensidade, uma ordenação. Exemplos: escalas de opinião, escalas de atitudes, nível académico. Quando se quer ultrapassar a simples atribuição de um rótulo ou nome a um indivíduo ou objecto, podem classificar-se os dados em categorias de um ordenamento preestabelecido, por exemplo: ordenação do grau de concordância com uma assertiva: concordo plenamente, concordo, indiferente, discordo, discordo plenamente ou avaliação de um produto ou serviço: Muito insatisfeito, Relativamente insatisfeito, neutro, Relativamente satisfeito e Muito satisfeito, ou classificação de alunos: 1º, 2º, 3º, ......30º.
O nível ordinal fornece informações sobre a ordenação, mas não indica a magnitude das diferenças entre os valores, por exemplo, quando classificamos alunos de uma turma, sabemos que o 1º apresentou melhor desempenho em um teste, por exemplo, mas não podemos inferir se ele sabe mais que o 2º, ou mais que o 3º etc; só podemos inferir que ele foi classificado em primeiro lugar.
Intervalar: pressupõem variáveis quantitativas e são expressas segundo uma escala de intervalos, sem ponto de referência (não têm um zero absoluto). Um intervalo maior da escala pode ser tomado com base no somatório de pequenos intervalos. Exemplos: nota numérica num exame. Quando a escala tem todas as características de uma escala ordinal e além disso se conhecem as distâncias entre dois números quaisquer da escala (unidade de medida) e o zero da escala de medida existe por convenção.Por exemplo:
Temperatura (Celsius, Fahrenheit).
Altura (metro, centímetro, pés)
Receitas de vendas (reais ou dólares)
Investimento em propaganda (reais ou dólares)
Tempo (calendário gregoriano e hebraico)
De razão ou proporcional: pressupõem variáveis quantitativas e a escala pressupõe a existência de um zero absoluto que indica a ausência completa da propriedade a medir. A razão (quociente) entre dois pontos da escala admite comparação com a razão entre dois outros pontos da escala. Ex. A escala do tempo; usadas sobretudo na Ciências Físicas para medir variáveis absolutas. Como detalhe, a escala intervalar é chamada de Escala de Razão ou proporcionalidade (quarto tipo), quando tem um ponto zero verdadeiro como origem (função linear: que passa pela origem). Explicando melhor, a razão (r = a/b) entre duas medidas guarda uma proporcionalidade independente da escala e todas as operações aritméticas podem ser feitas. Como exemplo, podemos citar várias grandezas físicas, tais como, pressão, volume, massa, distância etc., bem como contagem de valores monetários e financeiros.

segunda-feira, 26 de maio de 2008

Análise quantitativa-algumas considerações

Quando no decorrer duma investigação analisamos os dados podemos fazê-lo com vista à obtenção de resultados que possam ajudar para os objectivos da mesma. Consoante o tipo de abordagem podemos utilizar a análise quantitativa, qualitativa ou as duas como no caso de uma metodologia mista.
A análise quantitativa dos dados tem algumas características:
-obedece a um plano pré-estabelecido, com o intuito de enumerar ou medir eventos;
-utiliza a teoria para desenvolver as hipóteses e as variáveis da pesquisa;
-examina as relações entre as variáveis por métodos experimentais ou semi-experimentais,
controlados com rigor;
-emprega, geralmente, para a análise dos dados, instrumental estatístico;
-confirma as hipóteses da pesquisa ou descobertas por dedução, ou seja, realiza predições
específicas de princípios, observações ou experiências;
-utiliza dados que representam uma população específica (amostra), a partir dos quais os
resultados são generalizados, e
-usa, como instrumento para recolha de dados, questionários estruturados, elaborados com
questões fechadas, testes e checklists, aplicados a partir de entrevistas individuais, apoiadas
por um questionário convencional (impresso) ou electrónico.
Os dados:
Os dados são codificados sob a forma numérica e referentes a uma amostra concreta. O tipo de dados condiciona os testes estatísticos a adoptar: amostras muito reduzidas tornam alguns testes inadequados ou impossíveis de aplicar. Os dados podem ser:
-dados brutos-dados originais na forma com que foram colhidos (não foram numericamente organizados ou ordenados).
-dados elaborados (ROL)- dados numéricos arranjados em ordem crescente ou decrescente. A forma de representar os dados depende da sua natureza, e podem ser:
-qualitativos - atributos ou categorias que descrevem sujeitos e situações, e de natureza dicotómica ou politómica.
-quantitativos com características mensuráveis e que se podem exprimir por em valores numéricos reportados a uma unidade de medida ou a uma relação de ordem.
Os dados qualitativos podem-se representar de várias maneiras:
Matriz, Tabela ou Caixa- Construída com informações descritivas relevantes. Permite demonstrar relações entre categorias e resultados, além de descrever a classificação das informações recolhidas.
Diagrama -Demonstra relações entre uma determinada característica e os factores que a influenciam.
Fluxograma -Pode representar visualmente um processo através de figuras e símbolos previamente definidos.
Narrativa (Temática e/ou Cronológica) -Organização do texto extraído do discurso (principalmente entrevistas e documentos analisados), tendo como base dois eixos: o tema ou conceito do que se quer revelar do discurso analisado e a temporalidade dos fatos e fenómenos narrados.
Mapa e Transect (Mapa geográfico transversal de uma área específica) – Construídos, actualizados ou complementados a partir da observação realizada e das informações obtidas com informantes-chave. Muito úteis na demonstração de informações quanto aos aspectos físicos e ambientais da área de interesse. Comparam as características principais e a utilização de recursos numa área (Chambers 1981).
Perfil Histórico e Cronológico – É o ordenamento de informações numa ordem histórica e cronológica de um lugar, pessoa, situação, utilizando-se uma árvore com datas e resumo da situação destacada (Chambers 1981).

sábado, 17 de maio de 2008

A Investigação Acção


A investigação-acção consiste na recolha de informações sistemáticas com o objectivo de promover mudanças sociais. Tanto os métodos qualitativos como os quantitativos podem ser utilizados na investigação acção. Neste tipo de investigação, o investigador envolve-se activamente na causa da investigação, e o objectivo primordial é provocar a mudança, assumindo o investigador o papel de activista. Essa mudança ao nível duma causa social, pode passar por:
-a recolha sistemática de informação pode auxiliar na identificação de pessoas e instituições que contribuem para tornar intolerável a vida de grupos particulares de pessoas
-pode facultar a informação, compreensão e factos, com o objectivo de tornar a posição e planos do investigador mais credíveis
-pode auxiliar na identificação de aspectos do sistema que podem ser desafiados tanto legalmente como através de acções comunitárias
-permite que as pessoas aumentem a consciência que têm dos problemas, bem como o empenho na sua resolução
-pode servir como estratégia organizativa para agregar as pessoas activamente face a questões particulares
-ajuda a ganhar auto-confiança, pois fortalece o empenhamento e encoraja a prossecução de objectivos sociais particulares.

sábado, 3 de maio de 2008

Preparação da entrevista


Na preparação da entrevista devemos:
-criar uma ordem nos tópicos principais para que as questões fluam normalmente, mas estar preparado para alterar a ordem das questões durante a entrevista se fôr necessário
-formular questões ou tópicos na entrevista que contribuam para dar resposta às questões investigativas
-utilizar um linguagem fácil e relevante para com os entrevistados
-recolher dados que possam caracterizar os entrevistados de forma a ajudar a contextualização das suas respostas
-não colocar questões quer possam influenciar a resposta.

quinta-feira, 1 de maio de 2008

As Vantagens e Desvantagens da Entrevista


Vantagens:
-o grau de profundidade dos elementos de análise recolhidos
-a flexibilidade e a fraca directividade do dispositivo que permite recolher os testemunhos e as interpretações dos interlocutores, respeitando os próprios quadros de referência:a sua linguagem e as suas características
Desvantagens:
-a própria flexibilidade do método pode intimidar, ou inversamente pode autorizar os entrevistadores a conversarem de qualquer maneira com os interlocutores.
-os métodos de recolha e análise das informações devem ser escolhidos e concebidos conjuntamente
-a flexibilização do método pode levar a acreditar numa completa espontaneidade do entrevistado e numa total neutralidade do investigador.

segunda-feira, 28 de abril de 2008



A Entrevista

Os métodos de entrevista caracterizam-se por um contacto directo entre o investigador e os seus interlocutores e por uma fraca directividade por parte daquele. Instaura-se, uma verdadeira troca, durante a qual, o interlocutor do investigador exprime as suas percepções de um acontecimento ou de uma situação, as suas interpretações ou as suas experiências, ao passo que, através das suas perguntas abertas e das suas reacções, o investigador facilita essa expressão, evita que ela se afaste dos objectivos da investigação e permite que o interlocutor aceda a um grau máximo de autenticidade e de profundidade.

sexta-feira, 25 de abril de 2008

Teoria Fundamentada - Grounded theory

Os investigadores qualitativos que entendem o seu trabalho como uma tentativa para desenvolver "teorias fundamentadas", não recolhem dados ou provas com o objectivo de confirmar ou infirmar hipóteses construidas previamente:as abstracções são construídas à medida que os dados particulares que foram recolhidos se vão agrupando. Esta teoria procede de "baixo para cima" com base em peças individuais de informação recolhida que são inter-relacionadas.O investigador planeia utilizar parte do estudo para perceber quais as questões mais importantes.Não presume que se sabe o suficiente para reconhecer as questões importantes antes de efectuar a investigação.

quarta-feira, 23 de abril de 2008

As Hipóteses


Uma hipótese é uma preposição que prevê uma relação entre dois termos, que, segundo os casos, podem ser conceitos ou fenómenos.Uma hipótese é uma proposição provisória, uma pressuposição que deve ser verficada. Construir uma hipótese não consiste simplesmente em imaginar uma relação entre duas variáveis. Essa operação deve inscrever-se na lógica teórica da problemática. Problemática, modelo, conceitos e hipóteses são indissociáveis: o modelo é um sistema de hipóteses articuladas logicamente entre si. Uma hipótese pode ser testada quando existe uma possibilidade de decidir, a partir da análise dos dados, em que medida é verdadeira ou falsa. Porém, ainda que o investigador conclua pela confirmação da sua hipótese ao cabo dum trabalho empírico conduzido com cuidado, precaução e boa fé, a sua hipótese não pode, ainda assim, ser considerada absoluta e definitivamente verdadeira, pois a complexidade e a mutabilidade do real fazem com que o progresso do conhecimento seja uma vitória parcial.Portanto o verdadeiro investigador nunca se esforçará por provar a todo o custo o valor de objectividade das suas hipóteses, ele procurará delimitar os seus contornos, não para as estabelecer mas para as aperfeiçoar, o que implica, de facto, que as ponha de novo em questão.

domingo, 20 de abril de 2008

Ainda sobre o questionário



Variantes

O questionário chama-se "de administração indirecta" quando o próprio inquiridor o completa a partir das respostas que lhe são fornecidas pelo inquirido. Chama-se "de administração directa" quando é o próprio inquirido que o preenche. O questionário é-lhe então entregue em mão por um inquiridor encarregado de dar todas as explicações úteis, ou endereçado indirectamente pelo correio ou por qualquer outro meio. Escusado será dizer que este último processo merece pouca confiança e só excepcionalmente é utilizado na investigação social, dado que as perguntas são muitas vezes mal interpretadas e o número de respostas é geralmente demasiado fraco. Em contrapartida, utiliza-se cada vez mais frequentemente o telefone neste tipo de questionário.

sábado, 19 de abril de 2008

O questionário


Um questionário é um instrumento de investigação que visa recolher informações baseando-se, geralmente, na inquisição de um grupo representativo da população em estudo. Para tal, coloca-se uma série de questões que abrangem um tema de interesse para os investigadores, não havendo interacção directa entre estes e os inquiridos.Um questionário é extremamente útil quando um investigador pretende recolher informação sobre um determinado tema. Deste modo, através da aplicação de um questionário a um público-alvo constituído, por exemplo, de alunos, é possível recolher informações que permitam conhecer melhor as suas lacunas, bem como melhorar as metodologias de ensino podendo, deste modo, individualizar o ensino quando necessário.
A importância dos questionários passa também pela facilidade com que se interroga um elevado número de pessoas, num espaço de tempo relativamente curto.
Estes podem ser de natureza social, económica, familiar, profissional, relativos às suas opiniões, à atitude em relação a opções ou a questões humanas e sociais, às suas expectativas, ao seu nível de conhecimentos ou de consciência de um acontecimento ou de um problema, etc.

segunda-feira, 14 de abril de 2008

Características da Investigação Qualitativa

Na investigação qualitativa a fonte directa de dados é o ambiente natural, constituindo o investigador o instrumento principal:os investigadores qualitativos frequentam os locais de estudo porque se preocupam com o contexto; entendem que as acções podem ser melhor compreendidas quando são observadas no seu ambiente habitual de ocorrência.
A investigação qualitativa é descritiva: ao recolher os dados descritivos, os investigadores abordam o mundo de forma minuciosa; tentam analisar os dados em toda a sua riqueza, respeitando tanto quanto possível a forma em que estes foram registados ou transcritos.
Os investigadores qualitativos interessam-se mais pelo processo do que simplesmente pelos resultados ou produtos:os investigadores preferem investigar exaustivamente o "como" do que os resultados.
Os investigadores qualitativos tendem a analisar os seus dados de forma indutiva: não recolhem dados com o objectivo de confirmar ou infirmar hipoteses construidas previamente; as abstracções são construídas à medida que os dados particulares que foram recolhidos se vão agrupando.
O significado é de importância vital na abordagem qualitativa: os investigadores preocupam-se com as perspectivas participantes e fazem questão em se certificarem que estão a aprender as diferentes perspectivas adequadamente.

domingo, 13 de abril de 2008

Sobre a Investigação Qualitativa

A investigação qualitativa em Educação assume muitas formas e é conduzida em muútiplos contextos. Os dados recolhidos são designados por qualitativos, o que significa ricos em pormenores descritivos relativamente a pessoas, locais e conversas e de complexo tratamento estatístico. As questões a investigar são formuladas com o objectivo de investigar os fenómenos em contexto natural, por isso é também denominada investigação naturalista nomeadamente em Educação. As estratégias mais representativas da investigação qualitativa são a observação participante e a entrevista em profundidade. A abordagem é flexível e não se recorre a questionários, e dado o detalhe pretendido a maioria dos estudos são conduzidos com pequenas amostras.Nos casos onde o objectivo do investigador é o de captar a interpretação que determinada pessoa faz da própria vida o estudo designa-se por história de vida; e investigação de campo é uma expressão usada pelos antropólogos devendo-se a sua utilização ao facto dos dados serem recolhidos no campo. Outras expressões como interaccionismo simbólico, perspectiva interior, estudo de caso, ecologia, etc são expressões relacionadas com este tipo de investigação.

sábado, 12 de abril de 2008

Fui ver...


Hoje resolvi dedicar-me à tarefa de saber o que é realmente um webfólio! Sim porque eu ainda sou do tempo das canetas de tinta permanente e dos mata borrões. Portanto teve mesmo que ser.

Consultei vários sites como :




Cheguei à conclusão que posso apresentar os resultados, acompanhar a aprendizagem, fazer a avaliação...enfim tornar-me num agente efectivo do meu processo de aprender a aprender!

quarta-feira, 2 de abril de 2008

Primeiros passos...

"É mais fácil e adequado trabalhar primeiro a literatura sobre o tema e deduzir a partir daí as hipóteses da investigação, do que partir de hipóteses definidas a priori e ir à procura de literatura que as suporte."
Manuela Magalhães Hill
Andrew Hill

segunda-feira, 31 de março de 2008



"A investigação segue um procedimento análogo ao do pesquisador de petróleo.Não é perfurando ao acaso que este encontrará o que procura." Raymond Quivy

Segundo o mesmo autor são três os actos do procedimento científico: a ruptura, a construção, e a verificação. Na ruptura devem-se pôr de parte todos os preconceitos, falsas permissas e evidências, que mais não fazem senão dar uma visão errada da compreensão das coisas. Na construção deve ser elaborado um quadro teórico de referência sem o qual não poderá haver experimentação. No último acto do procedimento científico, também chamado experimentação, verificam-se os factos, analisam-se as informações e tiram-se as conclusões.

domingo, 30 de março de 2008

Preparando a próxima actividade...


Hoje foi dia de descanso, mas também de alguma preparação para o trabalho que se avizinha.
Espero que este desbravar caminho nos seja leve mas de grande interesse e ajuda para o nosso próprio projecto de investigação.
Desejo a todos os que me visitarem um bom caminho... cheio de descobertas e sucessos.

sábado, 29 de março de 2008

Os Professores enquanto investigadores

Todos sabemos que ensinar é mais do que um ofício: é uma ciência educacional e uma arte pedagógica em que a prática, o conhecimento sobre prática e os valores são tratados como problemas-"cada sala de aula é um laboratório, cada professor um membro da comunidade científica" (Stenhouse, 1975:142).
Tanto os professores como os alunos são investigadores numa "empresa" cujo propósito consiste em aceder ao conhecimento em condições que permitam utilizá-lo.
"Não posso ensinar de forma clara a menos que reconheça a minha própria ignorância, a menos que identifique o que não sei, o que ainda não domino"Paulo Freire

sexta-feira, 28 de março de 2008

O princípio...

Olá a todos.Pretendo com este webfólio, registar as minhas reflexões relativas à unidade curricular de Investigação Educacional. Estou encantada por poder utilizar esta ferramenta pois dar asas à criatividade é algo que muito me agrada.No entanto sou maçarica nestas andanças e espero que os meus colegas "doutorados" no assunto me vão indicando o melhor caminho para poder tirar partido de tudo...
Abraços